quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Pausa para ouvir o megafone de Deus

A fraterna convivência virtual que por vezes se forma entre pessoas que escrevem páginas na web leva-me, por consideração e gratidão, a dar uma justificativa aos amigos e amigas que, acostumados à leitura deste blogue, não mais o encontram atualizado com a frequência costumeira. A explicação para a minha ausência é que não encontro, no momento, vontade de escrever. E, se a tivesse, possivelmente decepcionaria os leitores, pois não conseguiria lhes apresentar nada senão melancolia.
A morte de minha mãe, Ana Maria, ocorrida há uma semana, aos 65 anos, depois de uma doença rápida e de uma aguda depressão que minou sua vontade de viver, é um fato que ainda estou digerindo. Engasgado com a perda, e atônito pela experiência traumática de ver o quanto de sofrimento cabe entre as paredes dos CTIs, vou tentando acostumar-me à ideia de que a árvore da qual sou fruto, embora não fosse idosa, já não está aqui.
C.S. Lewis dizia que a dor é o megafone de Deus para acordar o mundo entorpecido. Por enquanto, eu me calo, na esperança de, em silêncio, encontrar o sentido da minha dor e assim despertar do torpor de tristeza em que me vejo mergulhado agora.

11 comentários:

Fernanda Rocha Mesquita disse...

Márcio, num momento em que entrei aqui para ler algo de alguém, para poder sentir que ainda estou viva o encontro assim nesta dor. Lamento sinceramente e sei o quanto a depressão pode levar a não querer viver. A sua mãe partiu e ficará em ti tudo o que ela teve de melhor. Eu costumo dizer que existem pessoas que nunca morrem. Aquelas que se deram á vida e em vida deram amor. Entendo o seu momento e nunca peça desculpas por não editar nada. Quem gosta de vir aqui, virá sempre mesmo que não escreva. Eu entrei aqui num momento em que o pranto e a solidão me dominavam. Sequei um pouco um meu pranto para te dar um pouco de coragem.
Coragem Márcio. Certamente outros sentirão a sua tristeza e virão aqui.
Com amizade e respeito
Fernanda

Márcio Almeida Júnior disse...

Fernanda, agradeço a manifestação de solidariedade e o apoio, muito importantes para mim num momento como este.

Sueli Maia (Mai) disse...

Márcio, lamento, lamento muito. Um luto desta dimensão sacode qualquer estrutura. Mas partilhar a dor também pode ser terapêutico, a palavra que sai e aquelas que nos chegam, por vezes é um alento.
As mães nunca morrem porque estão sempre dentro de nós, mesmo assim restará a saudade.

receba todo meu carinho, solidariedade e respeito.
que meu abraço possa chegar até você.

Márcio Almeida Júnior disse...

Mai, agradeço o seu companheirismo num momento como este. Sim, de fato falar faz bem. É o que pretendo fazer, ainda que às paredes.

mariza lourenço disse...

Márcio, a perda de sua mãe é irreparável e o sofrimento necessário. afinal, você está de luto. eu gostaria de ser consoladora o suficiente pra lhe tirar um pouco da dor, mas sei que o consolo há de vir com o tempo e a permanência das boas lembranças que, certamente, estão todas aí dentro de você.
não vou escrever muito, mas quero que saiba que me solidarizo e envio a você minhas orações para que Deus lhe dê conforto nesse momento de luto e profunda tristeza.
um grande beijo e todo o carinho.

mariza

Márcio Almeida Júnior disse...

Mariza,
fico feliz com sua lembrança e um pouco mais animado com suas palavras. Se eu escondesse que a tristeza se abateu de um modo muito forte sobre mim, estaria faltando à verdade, mas os piores momentos revelam os bons amigos. Você está entre eles. Obrigado.

Letícia Palmeira disse...

Sinto muito por sua perda, Márcio. Que o silêncio traga conforto.

Um abraço,

Letícia

Logo terá forças... O tempo sempre nos ajuda a superar.

Anônimo disse...

Márcio,

Sei que das coisas mais difíceis para um ser humano é lidar com a perda. Em contrapartida, sabe-se que as pessoas que mais estimamos permanecem eternizadas através da lembrança dos momentos bons que passamos com elas.
Que você possa guardar em sua memória todas essas lembranças e quanto à dor da saudade espero que o tempo se encarregue de amenizar.

Receba o meu abraço de profundo pesar.

Deus esteja contigo!

Isabela Pimentel disse...

Márcio, saiba que o tempo cura todas as dores e que as pessoas que amamos nao morrem, mas vivem para sempre em nossos corações e memória!


Abraço,
Isabela Pimentel

Márcio Almeida Júnior disse...

Letícia, Liene e Isabela,
Agradeço sinceramente pela manifestação de solidariedade neste momento. Ela prova o que venho pensando há tempos: as pessoas, mesmo distantes, podem estar conectadas por bons sentimentos recíprocos.

Fernanda Rocha Mesquita disse...

Ola' Marcio. Venho saber como estas. Nao precisas de dizer... eu sei que por vezes nem o nada nos apetece falar. A dor tambem precisa de um tempo para cicatrizar e por vezes o remedio e' deixa-la viver por um pouco. Assim a conhecemos melhor e melhor nos despedimos dela. Apenas para sentires que nao estas so'.