domingo, 18 de abril de 2010

Errâncias


Uma pequena caminhada até a reserva florestal próxima da linha férrea foi a ocupação da manhã de domingo. Desta vez, não levei Thoreau, meu labrador. Na parte mais afastada da cidade, já nas vizinhanças da grande pedreira desativada que domina a paisagem, encharquei minhas botinas ao pisar num alagadiço, mas tive uma grata surpresa: várias árvores que na caminhada anterior eu julgara em processo de morte apresentam agora brotos verdes, como uma declaração de vida que se sobrepõe ao frio cinzento de abril.
Em tempo: a trilha sonora do passeio foi Moustaki, cuja obra voltei a ouvir com atenção. Le Métèque, em especial, parece-me uma canção-síntese, que já prenuncia, no início da carreira de Moustaki, o sentido de muito do que ele viria a fazer depois. É um grande poema em forma de música, que fala diretamente ao coração. Quem nunca se sentiu, ainda que na paisagem conhecida da cidade natal, como um errante em terras estrangeiras?

1 comentários:

Fernanda Rocha Mesquita disse...

eu ja me senti assim, muitas vezes me perguntando o que viam os meus olhos, quando passava e olhava sem ver aquele local que num momento pode ser nada e noutro simplesmente magico.