O horário de verão me tira do sério. Isso não ocorre por causa da alteração do meu ritmo biológico e sim por desnorteamento filosófico. Na minha cabeça, o adiantamento dos relógios começa a fazer diferença às 18 horas, quando acontece o meu ritual diário de pensar na vida enquanto olho o céu. Ocorre que o céu das 6 da tarde tem um ingrediente único para estimular meus pensamentos, pois mistura o dia que se vai e a noite que chega. É o meu momento crítico, aquele em que sou capaz de conservar a clareza científica do dia e me abrir às penumbras sonhadoras da noite para questionar, sem radicalismos de uma parte ou de outra, o que ando fazendo neste Planeta. Com o novo horário, entretanto, o fim do dia ocorre antes de a luz declinar no céu. Fica faltando, portanto, aquela meia luz que me convida, desde a infância, a olhar para o alto para enxergar o meu interior. Se o governo tivesse um departamento para ouvir queixas filosóficas, eu iria enviar a minha. E acho que tenho razão. De que me vale "ganhar" uma hora por dia e perder instantes infinitos em que sou capaz de olhar para mim mesmo e enxergar, com razão diurna e paixão noturna, essa história de linhas errantes, às vezes patética, outras vezes desconcertante, que eu chamo de Minha Vida?
quarta-feira, 21 de outubro de 2009
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1 comentários:
Muito lírico seu texto. Pode até enganar vestido apenas de palavras que falam do horário de verão. Porém você eleva tanto questões existencialistas e filosóficas, que o texto se torna muito rico. Nunca perco ao ler seu blogue, Márcio.
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