A estética da folha seca Embora o calendário só marque o início do inverno para junho, já faz frio nas montanhas de Minas. O céu muito azul, contrastando com o verde ainda vivo das árvores, constitui uma espécie de compensação visual para os problemas típicos da baixa temperatura, como o resfriado.
Outra vantagem do frio é que ao chegar, após uma temporada longa de calor, ele traz consigo um convite à introspecção. Se o verão convida a exteriorizar, o inverno faz o oposto. Ambos se completam para formar uma espécie de dialética do espírito.
Há pensamentos de inverno, como os há de verão, outono e primavera. Têm a marca do inverno, por exemplo, os pensamentos de valorização do abrigo, que nos fazem pensar na casa em que moramos, por mais simples que seja, de uma forma mais carinhosa do que o habitual.
É igualmente de inverno a memória de sensações marcantes vindas da infância, como a lã tocando a pele, a sopa ou o caldo quente escorregando pela garganta, a vidraça embaçada recebendo o desenho dos dedos, a fogueira crepitando nas festas da época, entre outras.
E nunca é demais lembrar que há uma beleza de inverno, que contrasta com a das demais estações. É a estética da folha seca, que colore com reflexivos tons pastel nossos quintais e jardins e, se o permitirmos, também deixa sua marca em nossos espíritos.
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