sábado, 8 de outubro de 2011

De saída


Se é para todos incerta a hora final,
como ensina o ditado antigo,
pode ser que haja amigos queridos
que não mais encontrarei
e adversários tremendos, quem sabe,
cuja perfídia já não poderá alcançar-me.
Também há de haver ruas sujas e feias
que não mais me irritarão
e paisagens bucólicas, amenas e doces,
que meus pés não mais percorrerão.

Sendo assim, desde já abro os braços
num largo e franco abraço de partida.
Paisagens e pessoas que aprendi a amar,
lugares e gente que detesto com toda a força,
recebei o aceno de adeus deste viajante,
que espera ser lembrado pelos que ficarem
não por feitos heroicos, que não os tem,
Mas por ser aquele mineiro que vos acenou,
com a calma de quem espera o último trem.

Imagem: Clemens Kalischer

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