sábado, 26 de março de 2011

Exercícios de Impressionismo: visita de sábado


Um pensamento entrou sem pedir licença em minha cabeça e embaralhou de modo desajeitado a teia de raciocínios que eu ia tecendo de modo ordeiro em torno dos assuntos do noticiário. Temendo que ele destruísse algum fio da trama lógica que eu estava compondo com cuidado, tratei de persegui-lo. Rápido, ele se pôs a percorrer a casa, sem me deixar outra alternativa que a de levantar-me da poltrona, este trono da reflexão metódica, e rastreá-lo pelos cômodos. Consegui, enfim, retê-lo contra a parede, mas no momento em que me dispunha a colocá-lo em seu devido lugar junto às notícias e opiniões contidas em livros e jornais, eis que ele bateu asas e fugiu pela janela fazendo acrobacias. Já distraído da leitura, acompanhei-o com os olhos por um breve tempo, o suficiente para ver que ele saiu da sala como se saísse de uma gaiola e voou para aquele ponto do horizonte onde habitam as ideias irrequietas e bagunceiras que reinventam o mundo em vez de simplesmente retratá-lo.

2 comentários:

Marcelo Romero disse...

Gostei do blackbird.....é seu desenho??? parabens pelo texto.....tambem compartilho a ideia de que reinventar é mt importante, é um pensamento superior, comparado a nossas tramas logicas diarias...por isso em uma fração de segundos deixamos o passaro escapar pela janela.

Unknown disse...

Aceitar o convite do que distrai não é pausa: é atalho. (para a dimensão de ser, no quando se faz).