Ao geógrafo Sander Silveira,
cujos caminhos a amizade fez cruzar com os meus.
A geografia que mais prezo é a que mapeia o desconhecido.O caminho que nunca trilhei me parece deslumbrante.E valioso, sobretudo, é o trajeto ainda não percorrido.É este, e não os outros, que me convida a ser errante.Há nisso, entretanto, algo que me desnorteia:
Tão viva é a impressão dessas viagens sonhadas,
Que sinto saudades de remotas estradas sob a Lua cheia
Onde as marcas dos meus pés nunca foram gravadas.
A melhor peregrinação será a que hei de fazer sem planejar,Longe dos trajetos que o raciocínio calculista possa definir.Entre o começo e o fim dela, que eu possa me trasnsformar.Que me conduza o coração e me diga quando e aonde ir.Quero-o sereno nas manhãs que me virem chegar,
Tão sereno quanto na noite fatídica em que, afinal, eu partir.
(Imagem: o filósofo Martin Heiddeger passeia na região da Floresta Negra, na Alemanha).
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