domingo, 13 de março de 2011

Lírica peregrina


Ao geógrafo Sander Silveira,
cujos caminhos a amizade fez cruzar com os meus.
A geografia que mais prezo é a que mapeia o desconhecido.
O caminho que nunca trilhei me parece deslumbrante.
E valioso, sobretudo, é o trajeto ainda não percorrido.
É este, e não os outros, que me convida a ser errante.

Há nisso, entretanto, algo que me desnorteia:
Tão viva é a impressão dessas viagens sonhadas,
Que sinto saudades de remotas estradas sob a Lua cheia
Onde as marcas dos meus pés nunca foram gravadas.

A melhor peregrinação será a que hei de fazer sem planejar,
Longe dos trajetos que o raciocínio calculista possa definir.
Entre o começo e o fim dela, que eu possa me trasnsformar.

Que me conduza o coração e me diga quando e aonde ir.
Quero-o sereno nas manhãs que me virem chegar,
Tão sereno quanto na noite fatídica em que, afinal, eu partir.
(Imagem: o filósofo Martin Heiddeger passeia na região da Floresta Negra, na Alemanha).

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