sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

A dor de quem não tem cabeça

Comprovando a máxima de que não há bem que não termine, a enxaqueca parece estar de férias em minha cabeça depois de quase um ano favorecendo-me com a ausência. Não pude deixar de rir comigo mesmo, apesar da dor, ao lembrar que minha mãe, para aliviar as crises da minha infância, costumava brincar comigo enquanto escurecia as janelas do quarto, dizendo-me que, como eu "não tinha cabeça", a julgar pelas peraltices que andava fazendo, ela não deveria estar doendo...
Anos depois, já à beira da adolescência, ouvi a mesma observação durante uma crise especialmente aguda e lembro-me de ter dado, na escuridão do meu quarto hermeticamente fechado às três da tarde, uma resposta que a mim mesmo fez pensar: a falta de cabeça, afinal, não é tão ruim nem me causa tanto mal. Pior seria a falta de coração, já que os erros do cérebro, por mais danosos que sejam, não se comparam nem de longe aos dos sentimentos. Minha mãe concordou.
***
Esta reflexão sobre a dor, fazendo-me recordar de minha mãe neste primeiro natal em que não a temos por aqui, prova, afinal, outro conhecido ditado: o de que não há mal que, ao fim das contas, não traga um bem.

2 comentários:

Fernanda Rocha Mesquita disse...

Feliz natal e um bom ano novo. sem grandes dores de cabeca

Pedro Caulfield disse...

A, então pelo que parece eu já sei de onde herdei tanta dor de cabeça... ja era de se esperar, mais todos os dias em que minha dor de cabeça ataca, em geral após as 3 e 30 da tarde ( Horario de dias uteis, nos dias inuteis (sabado, domingo) ela ataca o dia enteiro...)eu sempre penso, logo quando a dor fica mais forte .."sinal que eu tenho cabeça.."

Beijo Pai!