terça-feira, 2 de novembro de 2010

As mulheres e sua tendência a amar demais

É comum, embora eu não tenha ideia exata do motivo que faz com que isso aconteça, que algumas ouvintes de meus programas de rádio me peçam conselhos sobre seus relacionamentos amorosos. Acho que elas talvez se entusiasmem com a minha persistente pregação jornalística contra as agressões físicas feitas às mulheres. Coloco-me no lugar dessas ouvintes e entendo que queiram ouvir — quem sabe numa situação extrema de desilusão ou dor — uma palavra sábia sobre coisa tão arriscada e incerta quanto as relações amorosas.
Quase fico corado ao responder a essas ouvintes que não tenho essa sabedoria que aparentemente, e sem intenção consciente, possa aparentar a quem me ouve pelo rádio. Muito pelo contrário. Das minhas experiências matrimoniais não extraí nada que me pareça servir de exemplo a outras pessoas. No máximo, tais experiências ensinaram-me a perceber o que não quero.
De qualquer modo, um único conselho eu me atrevo a dar, até porque ele é óbvio e pode ser conferido por qualquer pessoa que tenha um mínimo de vivência. Há no amor a necessidade de respeitar a si mesmo antes de respeitar o outro. Não pode respeitar ninguém aquele que não respeita a si mesmo. Traduzido para a vivência amorosa feminina, isso significa que a tendência que algumas mulheres têm de amar mais a sua companhia do que a si mesmas pode ser uma fonte de sofrimentos.
De minha parte, estou convencido de que não vale a pena amar alguém ao ponto de abrir mão da própria felicidade. Que amor seria esse que exige o sacríficio extremo de quem ama ao invés de lhe proporcionar uma vida melhor? Meu único conselho, para desapontamento das minhas ouvintes, continua, portanto, sendo este: gostar de alguém mais do que se gosta de si mesmo é agredir a própria dignidade. Essa agressão, mais do que as físicas, pode deixar sequelas para o resto da vida.

4 comentários:

Letícia Palmeira disse...

Concordo.

Sueli Maia (Mai) disse...

E quando a desmesura atinge os homens, a passionalidade tem uma força bruta.

Muito bom!

Escreva mais e mais.
A escrita é reserva extra de oxigênio.

abraços

Anônimo disse...

Quando você retira a baixo auto-estima desse tipo de sentimento, de amor mesmo não sobra nada.

Ana

Fernanda Rocha Mesquita disse...

Ola' recebi um selo o qual dedico a alguns blogs que me sao queridos. podera ir busca-lo em Viver e Sentir, nas etiquetas ao fundo do blog. E sum simples tributo do muito que aqui tenho aprendido.
com amizade
fernanda