terça-feira, 2 de novembro de 2010

A arte de passear no campo II - Da escolha dos caminhos


Direi isto com um suspiro.
Algures num tempo futuro:
Dois caminhos divergiam num bosque.
Eu tomei o menos viajado.
E isso tem feito toda a diferença.
Robert Frost

Destinos e trajetos
O destino não importa,
Pois é idêntico para todos,
E mesmo os que não mexem as pernas
Tendem a ele do mesmo modo.
O que diferencia o caminhante
E o torna único
Será sempre o trajeto.
O bom caminhante deve desconfiar
Sempre dos trajetos existentes.
O trajeto autêntico não pode ser pré-definido.
É na caminhada que se deve construí-lo. Bem aventurados os construtores de trilhas, pois a eles está reservada, no seu mais alto grau, a sublimidade da arte de caminhar

Velocidade
A demora é sempre mais recompensadora do que a brevidade. Pode-se mesmo medir a caminhada pela sua capacidade de produzir demoras em que o sentido de tempo se altera. Há muito poucas maneiras de chegar rápido — duas, no máximo três, em cada circunstância —, mas infinitas são as possibilidades de se produzir a demora.

Obstáculos
Os obstáculos encontrados pelo caminho são aliados, não adversários. As trilhas mais íngremes são as que mais ensinam. Há um tesouro de compensações à espera do caminhante nos montes e escarpas galgados com esforço. No alto deles, naquele ponto visitado pelo vento e habitado apenas pelo capim e por algumas poucas árvores corajosas, costuma haver profundidades insuspeitadas.

Perdas
Perder-se em meio a locais pouco conhecidos e vagar algumas horas com a sensação de estar vendo o mundo pela primeira vez é ventura que não se obtém todos os dias. Para fazer-se merecedor dessa dávida, o caminhante deve empenhar toda a sua mente e seu coração na ideia de que, mais importante do que chegar, é estar caminhando.

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