domingo, 15 de agosto de 2010

O valor secreto dos domingos cinzentos

O mundo é dividido em tribos que, sabe-se lá por que razão, costumam criticar-se mutuamente ao invés de darem valor às diferenças que podem enriquecer o convivívio. Uma das críticas mais comuns à tribo dos apaixonados pelas palavras, da qual tomamos parte nós, os autores de escritos virtuais, é a de perdermos tempo com leituras e escritas em vez de olhar a realidade. Pois eu, que não tenho problemas com a vida real, ouso discordar. Do alto da minha vastíssima ignorância, penso que nós, os amantes do verbo, temos, mais do que quaisquer outras pessoas, a possibilidade de contemplar pela janela um domingo cinzento como este e transformá-lo num dia palpitante de vida. Isso se torna possível por questão de parentesco. A palavra, como se sabe, é irmã da imaginação, e ambas são filhas do incontornável desejo de ser feliz. O cinza dos domingos, afinal de contas, nunca fez mal às pessoas que, por obra da imaginação e da palavra, têm dentro de si, brilhando forte, o sol da vontade de viver mesmo nos dias mais cinzentos e nas noites mais escuras.

1 comentários:

Letícia Palmeira disse...

Escrever é, de fato, viver mais.

E hoje não é um domingo cinzento. Faz sol. Mas posso imaginá-lo diferente se eu quiser.