sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

A arte de passear no campo: I - requisitos indispensáveis

Um andarilho vai pela noite
A passos largos;
Só curvo vale e longo desdém
São seus encargos.
A noite é linda —
Mas ele avança e não se detém.
Aonde vai seu caminho ainda?
Nem sabe bem
Nietzsche
É desejável que os pés estejam em momento inspirado para reconhecer os sonhos sugeridos pelas ondulações do terreno. As pernas devem estar dispostas a formar uma fraternidade aventureira com o capim e a vegetação alta. No peito, o ar deve ser inspirado e expirado com a reverência devida aos momentos mais solenes. Os ouvidos hão de estar suficientemente atentos para distinguir cada um dos matizes de silêncio encontrados nos lugares ermos. Os olhos devem fazer um passeio à parte, percorrendo sem pressa a distância que vai das pegadas e detalhes encontrados no chão aos morros que se mostram no limite de alcance da visão. A mente deve fixar-se num horizonte metafísico que está sempre se deslocando, de modo que se tenha noção da imensidão que cabe em cada pequena travessia.

1 comentários:

Fernanda Rocha Mesquita disse...

Sou uma apaixonada pelo caminhar e desfrutar de lugares pouco usuais pelo Homem. Em Portugal sentia mais essa liberdade... Aqui no Canada' e' perigoso devido aos animais selvagens que saiem das florestas e atravessam em plena liberdade as estradas... ursos, lobos etc. Mas de vez enquando ainda consigo tirar algumas fotos dentro do carro.