Voltei a fazer caminhadas em matas próximas à cidade. Na última delas, depois de andar por cerca de vinte minutos na trilha que existe num dos parques do município, dei com os sinais de um temporal que havia caído na semana anterior, entre eles uma árvore já antiga atravessada no meio do caminho e, mais adiante, um ninho de filhotes de pardais que não resistiram ao rigor da natureza. Antes de continuar meu caminho, fiquei por cerca de 5 minutos olhando a árvore e os pequenos pássaros mortos e pensando na inestimável vantagem que as demais formas de vida, por mais simples que sejam, têm sobre nós, bípedes pensantes. Plantas e animais cessam no momento em que morrem. Homens e mulheres, ao contrário, correm o risco de cessar antes da morte, seja por desilusão, desencanto, depressão, tristeza ou sofrimento. Quando isso ocorre, a vontade e a alegria de viver ficam no chão, tão mortos quanto as árvores e os pássaros que as tempestades de verão destroem dentro do bosque. Mas o corpo continua a vagar como um fantasma condenado a existir sem como nem porquê. Pensar que cessamos é íngreme, como disse o poeta. E torna-se ainda mais doloroso quando pensamos que isso pode nos ocorrer antes do fim. Viver, afinal, é mais do que respirar.
sexta-feira, 23 de outubro de 2009
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3 comentários:
Com toda certeza! É triste ver quantos de nós já cessaram suas vidas antes que elas tivessem chegado a um final. Outros, ao contrário, têm o poder de se manterem vivos mesmo depois de mortos...
Concordo com você.
Algumas relações que podemos observar na vida, são tão complexas e difíceis de entender.
Por que será que a vida reserva destinos diferentes e contrários ao que lutamos e desejamos que aconteça?
Um grande abraço!
Tantas tempestades.
Mas tem animais que também sofrem dos males dos homens
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