Mantenho um diálogo já antigo com os filósofos. Além de meus interlocutores, eles são, junto com os poetas, os vigilantes noturnos da minha cama, pois estão sempre ao redor dela, espalhados em vários volumes, como se montassem guarda enquanto durmo e sonho. Meu diálogo com os pensadores envereda ora por uma escola, ora por outra. Há alguns anos, quando me surgiram os primeiros cabelos brancos, eu me dei conta da brevidade da vida e, por conseguinte, da necessidade de refletir sobre as minhas ações práticas. Daí para o Pragmatismo, a filosofia da prática, foi um pulo. Desde então, venho me entendendo com os pioneiros norte-americanos dessa corrente — Charles Sanders Pierce, Willian James, Jonh Dewey — e, mais recentemente, com Richard Rorty, cujas idéias considero inspiradoras para um mundo que precisa reinventar a si mesmo. Uma dessas idéias, em especial, tem ocupado minha mente: se a linguagem influencia a ação, a metáfora deve ser vista como uma prática de liberdade, capaz de instaurar uma nova visão de mundo e, através dela, um mundo novo.
sexta-feira, 24 de julho de 2009
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3 comentários:
Não consigo ser pragmática. Não sei aplicar muitos conceitos filosóficos, mas os aceito. Como este que você citou. Acredito que a linguagem influencia a ação - tanto que seu texto me influenciou a pensar. A metáfora como forma de liberdade dentro da linguagem é um belo conceito. Este eu acho que posso tentar aplicar melhor.
Estando viva, um dia eu reapareceria. E falas de filosofia, pragmatismo e metáforas e, sendo assim, pulei e me enfronhei junto aos teus castiçais e ao veladores do teu sono.
Bem Márcio, para mim filosofia é pensamento e ação. Vida que corre no chão ou então não há sentido pois será vazia nas prateleiras empoeiradas das estantes.
Por outro lado não consigo pensar na 'utilidade' das coisas, sabe?
Porque coisas precisarão ser úteis? Isto seria negar-me a liberdade de contemplá-las,
senti-las, por simples ser, ou não...
Então por exemplo Escrever ou a POESIA não precisariam absolutamente ser úteis e, estranhamente são.
Porque me tiram da inutilidade de sentir uma tristeza profunda que nem eu sei de onde vem. Quando escrevo, magicamente, a tristeza se dilui ou ao menos diminui.
Não sei se o que digo faz algum sentidoou se é uma mera inutilidade. Mas não temo deixar o pragmatismo e comentar teu texto porque como te disse escrever para mim não inclui ser ou não ser útil. Por vezes uma coisa decorre da outra mas não é causa primeira.
Enfim, não sou nada pragmática portanto, este comentário poderia ir para a lixeira mas ele é util para quem superficialmente chegar em teu blog pois, verá 2 comentários e além do comentário da Let, tem o de uma tal Mai.
Beijos, querido,
Saudades de você lá pelas bandas do 'inspirar'.
Eu quase 'faleci' afogada em um mar de papéis por isto este hiato pragmático. Mas não te esqueças, sou moderna.E sou uma peste doida, hiperbólica e totalmente apragmática.
Agora deixa brincar contigo: falas de noites insones e agora está explicado. É que tu vives com fantasmas e almas de filósofos ao redor de tua cama, deve ser isto, não é não?
Olha a inutilidade das coisas...
(risos e risos)
Mai
Então não existe nada mais pragmático que a impraticável poesia? Descobri só hoje a clareza dos seus textos. Gostei demais e acompanharei
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