Descobri uma utilidade para os grilos que ouço nas noites de insônia. Eles são meus aliados na tarefa de classificar madrugadas. Para perceber essa utilidade, é preciso levar em conta que só existem dois tipos de madrugadas: aquelas em que conseguimos ouvir os sons que vêm do outro lado da janela e aquelas em que, mesmo acordados, temos a impressão de que nada existe fora do quarto. Os grilos são arautos das madrugadas em que estamos atentos ao lado de fora da janela. Nessas madrugadas também podemos ouvir o vento e aprender a classificar os tipos de zumbido que o silêncio faz em torno do ouvido. Se tivermos paciência, talvez até consigamos captar no vazio o eco das coisas marcantes que um dia ouvimos e nos pareciam perdidas na distância dos anos.
quinta-feira, 2 de julho de 2009
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4 comentários:
Um texto assim, é daqueles que leva o leitor a sentir o que está lendo... é para ler e guardar, não em um arquivo, mas em si mesmo.
Gosto muito de encontrar isso aqui, Márcio.
Márcio,
Uma das coisas que mais aprecio quando leio seus textos é a sua capacidade em nomear coisas. Essas madrugadas são verdadeiras para mim. E, com a minha bela insônia, eu ouço o que o passado me diz. Eu tento captar "o eco das coisas marcantes que um dia ouvimos e nos pareciam perdidas na distância dos anos".
Estarei sempre aqui.
Sou sua leitora e faço questão.
UU
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É preciso saber sentir a vida para sentir o seu respirar... essa á a verdadeira essencia da vida simples coisas,mas de grande poder se o soubermos atuar sobre nós. Cada vibraçao do Universo me faz sentir que estou viva. este texro me recordou um dos poemas que escrevo aos sentires da vida.. deixo um pouco aqui--
As florestas cantam baixinho
A vida numa promessa constante
Meu coração ouve quietinho
Desejando da Vida ser amante
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