Os versos finais de "O Guardador de Rebanhos", de Alberto Caeiro, grifados à caneta e cheios de anotações acumuladas ao longo de anos de leituras e releituras, estão sempre ao lado da minha cama, mas poderiam estar na minha parede ou mesmo na fachada da minha casa, pois se incorporaram à minha maneira de ver o mundo. Foi por culpa desses versos que me surgiu a idéia de deixar correr por mim a vida como um rio corre por seu leito. Também é deles a culpa de eu ter desenvolvido o gosto de ficar calado ouvindo o silêncio.
Meto-me para dentro, e fecho a janela.
Trazem o candeeiro e dão as boas noites,
E a minha voz contente dá as boas noites.
Oxalá a minha vida seja sempre isto:
O dia cheio de sol, ou suave de chuva,
Ou tempestuoso como se acabasse o Mundo,
A tarde suave e os ranchos que passam
Fitados com interesse da janela,
O último olhar amigo dado ao sossego das árvores,
E depois, fechada a janela, o candeeiro aceso,
Sem ler nada, nem pensar em nada, nem dormir,
Sentir a vida correr por mim como um rio por seu leito,
E lá fora um grande silêncio como um deus que dorme.
Trazem o candeeiro e dão as boas noites,
E a minha voz contente dá as boas noites.
Oxalá a minha vida seja sempre isto:
O dia cheio de sol, ou suave de chuva,
Ou tempestuoso como se acabasse o Mundo,
A tarde suave e os ranchos que passam
Fitados com interesse da janela,
O último olhar amigo dado ao sossego das árvores,
E depois, fechada a janela, o candeeiro aceso,
Sem ler nada, nem pensar em nada, nem dormir,
Sentir a vida correr por mim como um rio por seu leito,
E lá fora um grande silêncio como um deus que dorme.
4 comentários:
editei hoje um poema de Alberto Caeiro ...QUANDO EU ...em Laços... bom domingo
Márcio,
Eu desapareci de seu blog. De muitos outros também. Mas estou de volta.
E sempre que leio Alberto Caeiro ou Pessoa mesmo, me lembro de meu irmão. Estive com ele dia desses e ele sempre recita um poema do Fernando Pessoa e seus heterônimos. E eu ouço e fico em silêncio. Em minhas leituras, tenho sempre por perto um livro do Fernando intitulado "Quando Fui Outro". Meu irmão que é professor de literatura sempre me traz bons livros e, nesse caso, foi um dos melhores presentes que ganhei em meu último aniversário.
E leio poemas e queria poder escrever, mas leio apenas.
Márcio,
Uma escolha muito significativa.
Os versos de Caeiro falam por todos aqueles que tem o olhar atento para admirar os pequenos milagres que acontecem a todo momento durante a vida.
"Porque pensar é não compreender
O mundo não se fez para pensarmos nele
(pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo."
Obrigado por Blog intiresny
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