quarta-feira, 13 de maio de 2009

Poesia como brilho nos olhos

O Autor e sua obra
Quanto mais vivo, menos gosto das definições intelectualistas de poesia e mais me aproximo de um modo de defini-la a partir da vida concreta. Segundo esse modo, poesia é o estado de espírito que leva uma pessoa, a que chamamos autor, a preencher páginas em branco em busca da beleza e leva outras pessoas, os leitores, a ganharem e manterem um brilho nos olhos mesmo depois de terem lido essas páginas.
Essa minha singela definição não tem estilo acadêmico, muito menos citações e notas de rodapé. Mas tem a vantagem de ir além da escrita. Com ela, livre das amarras impostas pelos eruditos, fico à vontade para ver poesia no céu estrelado, nos regatos que cruzo durante minhas caminhadas e nas matas em que entro para descansar, assim como a vejo num concerto de Bach ou numa tela de Monet.
Aliás, a partir desse meu modo de ver a poesia, concluo que Deus pode ser definido como O Poeta, ainda que as religiões e igrejas instituídas prefiram definições teológicas mais rígidas e complexas. Quando penso assim, convenço-me de que o ateísmo não tem sentido. Descrer de Deus enquanto princípio criador é como contemplar a obra poética, amá-la e fingir que por trás dela não existe um Poeta.

2 comentários:

Juracy Ribeiro disse...

Márcio, estou chorando lendo isso. Nunca ninguém deve ter chamado Deus O Poeta. Nada mais a declarar.
Beijo no coração, Jura.

Ricardo Duarte disse...

Márcio,
Se, com o Modernismo, cada poeta fez sua poética, por que o leitor não poderia fazer suas próprias definições do que é a poesia?