A condição humana, de René Magritte, pintor surrealista belga (óleo sobre tela, 1934)
Nem sempre o que nos falta são paredes para os retratos. Pode nos ocorrer também a falta de retratos para as paredes. Surge então um vazio que não serve de suporte a imagem alguma. A sensação é a de um porta-retrato vazado cuja moldura desaparece aos poucos diante dos olhos, até se perder a noção de que ali deveria haver a representação de algo a ser mantido vivo diante dos olhos.
Esse vazio é uma imagem fiel da mente quando não se dispõe a buscar imagens para decorar a existência. Duas sugestões de retratos para decoração interior:
1ª) sensibilidade ao sofrimento alheio: uma imagem suficientemente poderosa para colorir toda a parede em que é afixada, bem como as paredes vizinhas;
2ª) solidariedade: imagem ainda mais forte, que, ao ser afixada em nossas paredes, termina por ornamentar toda a nossa casa e várias outras, ainda que estejam distantes.
Se viver é uma arte, imprescindíveis são os artistas que assumem, qualquer que seja o seu estilo, a incumbência de escolher para suas vidas imagens que retratem tanto o que é real (como o sofrimento), quanto aquilo que pode ainda não estar presente (como a fraternidade), mas que, por ser concebido, passa a integrar a galeria das coisas que hão de triunfar na realidade.
3 comentários:
Não ter lembranças...Triste demais isso.
Denise
belíssimo texto, Márcio. você expõe, com muita propriedade, duas condições essenciais, e cristãs, que o ser humano deveria assumir durante toda a sua vida. afinal, sem isso, o que somos além de um vazio interminável?
lindo demais.
na oportunidade, gostaria de agradecer os votos de felicidades.
um beijo enorme e todo o meu carinho.
Realmente meu amigo...muitas pessoas andam pintando o triste quadro o egoísmo...com cores frias demais...enfeitando apenas as paredes de suas casas...sem pensarem nas dos outros...sem parede ao menos.
Grande abraço da amiga .
Postar um comentário