sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Verdades encontradas no fundo da garrafa

Quem quer ser compreendido?
Ser compreendido?
Ilusão pomposa que não passa de um balão
Inflado pelos ares da vaidade
E arremessado ao céu para vagar
Ao sabor das circunstâncias.
Quem faz questão de ser compreendido?
Os bem-te-vis não compreendem as árvores
Em que fazem seus ninhos.
Simplesmente as aceitam,
Como o capim aceita a chuva
E o gado aceita o capim.
Quem almeja ser compreendido e explicado
Eestá usando metáforas para dizer
Afinal, que quer ser aceito. E só.

(Registrado após quatro taças de Cabernet-Sauvignon, safra argentina de 2005, no meu "Caderno de Verdades Encontradas no Fundo da Garrafa")

3 comentários:

Clea Pinheiro disse...

É um texto pequeno e muuuito extenso em termos de conteúdo. A melhor parte da vida acontece quando os gestos de afeto substituem as palavras. Nada se compara a um olhar amoroso ou a braços abertos...de verdade.
Parabéns Márcio, enfaticamente.

Letícia disse...

Este texto à base de vinho é um poema. Vestido de outra roupa, com cara de outra coisa, mas é um poema. E não precisa ser compreendido porque poemas existem e só. Mas eu perguntaria ao poema se a compreensão existe ou é apenas suposição. Fico a pensar nisso.

E você escreve bem e sabe disso.

E acompanhar suas postagens é difícil. Você escreve muito em quantidade também.

Anônimo disse...

êêêêêêê cachaça!!! rsrs boa!