Ludwig Wittgenstein é santo do meu altar. A obra do filósofo austríaco está entre aquelas que, quanto mais leio, tanto mais admiro. Tendo a linguagem como centro de suas reflexões, Wittgenstein formulou questões profundas que revolucionaram a maneira de abordar vários assuntos filosóficos, tornando-se um pensador citado com frequência cada vez maior em diferentes campos do saber. Uma das questões que Wittgenstein colocou é essa: se cada ser humano experimenta as sensações do mundo de um modo peculiar, pois toda experiência é particular, como, e em que medida, a descrição das minhas experiências e sensações pode ser compreendida por outras pessoas além de mim?
Essa questão me veio à mente quando eu saía há pouco do trabalho. Indo para casa, deparei com uma lua cheia absurdamente brilhante, vislumbrada ao fundo de uma árvore plantada no pomar de uma das casas da vizinhança. Parei para observar a luz prateada entre os galhos e me lembrei de Wittgenstein e de suas reflexões sobre os limites da linguagem. Entendi que, por mais que eu me esforce ao escolher as palavras, nunca serei capaz de descrever de modo plenamente inteligível para outras pessoas toda a profundidade de sentimentos que me ocorrem ao ver a lua cheia brilhando numa noite calma atrás de uma grande árvore que o inverno desfolhou. Diante de certas sensações, as palavras ficam pequenas.
1 comentários:
Márcio,
muita gente questiona a filosofia como se fosse algo de difícil compreensão, mas somos todos filósofos em nossos questionamentos interiores, sobretudo. no entanto, a questão da lua me faz pensar em um espetáculo único, quando somos convidados a apreciar a simplicidade em sua mais bela formação. a mesma lua que inspira o poeta é a causadora dos sonhos da mocinha, do jornalista, da advogada, do jardineiro. ainda que se sinta particularmente cada experiência como única, em minha opinião ela se conjuga como um todo em sua beleza.
a mão humana seria capaz de criar tamanho espetáculo inspirador? não sei. ;)
beijo, meu amigo querido.
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