O tempo feliz dos velocípedes e das fraldas sujas
Deus sabe que eu sou um entusiasta das crianças. Tanto me entusiasmo que dei minha contribuição para que três delas aportassem no mundo e viessem me lembrar de que a vida também é feita de fraldas sujas, mamadeiras por fazer nas noites frias, cólicas, velocípedes barulhentos, bonecas que perdem braços, bolos de aniversário com marcas de dedos, febres, tombos, sorvete derramado na blusa e outras delícias.
Mas o dever de honestidade que os cabelos brancos inspiram me obriga a lançar aqui o alerta: acautelai-vos, jovens senhores e senhoras que pretendeis conduzir pimpolhos aos vossos lares. Toda a cautela é necessária, pois as crianças, por mais que gostemos delas, têm um terrível e incorrigível hábito, que nenhum esforço de educação consegue modificar: elas tendem irremediável e repentinamente a crescer.
Crescidas, deixarão a casa a ver navios. E vós, que acalentais o sonho da doce companhia dos pimpolhos, passareis noites de sábado diante da tela do computador à espera de que termine a adolescente peregrinação pelas festas e agitos. Já na madrugada de domingo, olhando álbuns de retratos na casa silenciosa, havereis de lembrar-vos do quanto era belo e bom o tempo das fraldas sujas e dos velocípedes barulhentos.
2 comentários:
Marcio;com certeza...essa e minha realidade atual...recordar é viver!!!
Abraços de bom começo de semana pra ti.
Eu tive um velocípede de madeira exatemnet assim...entreguei a minha idade!!rsrs
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