É de Bashô (1644-1694) o poema abaixo, que faz, na tradução de Manuel Bandeira, a defesa da alegria de viver:
A cigarra... Ouvi:
Nada revela em seu canto
Que ela vai morrer.
Leio Bashô há décadas. Mas não me canso de admirar o fato de que os versos do mestre japonês citados acima contêm, na brevidade rigorosa do haicai, a sugestão de toda uma filosofia de vida: a cigarra canta inconsciente do fim para o qual caminha; nós, humanos, não devemos deixar de cantar pelo fato de termos consciência da finitude. As flores do ipê não duram mais do que alguns dias. Isso não as faz menos belas e dignas de serem apreciadas. Boa é a vida vivida sem o medo da morte.
3 comentários:
E' verdade o tempo de vida nao significa que a vida nao tenha importancia ou seja vivida com intensidade. Ao ler o seu texto lembrei-me das curta vida das borboletas e o quanto atarefada e importante e'.
Sim - Cantar e Viver...Inobstante à efemeridade da vida. E para além de toda beleza contida no haikai e em teu texto, há que vivermos buscando sentido, e continuarmos cantando.
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"...quando eu canto é para aliviar, meu pranto...Canto para anunciar o dia, canto para aliviar a noite...E a cigarra quando canta morre e a madeira quando morre canta..."
grande e solidário abraço
A finitude é certa. E nesse intervalo há de se fazer o melhor que se pode.
Um abraço com carinho
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